domingo, 8 de fevereiro de 2009
ou mesmo que jamais aprenderam.
A todas as solidões individuais ou
partilhadas, gritadas, colhidas ou
caladas, nos corações e nas almas.
A todas as buscas que levaram a encontros,
perdas ou abandonos.
A todos os silêncios de gestos e
palavras que encobriram
impossibilidades, refúgios,
medos ou ausências...
E, principalmente, aqueles que
disseram mais do que palavras.
A todos os braços e abraços
que acolheram, aqueceram e ampararam,
nos momentos em que a
perda já parecia certa e o abandono das
forças de luta aparentemente a única
possibilidade de resposta...
Aos sorrisos esboçados ou
assumidos que coloriram os rostos e
enfeitaram o mundo.
A todas as crianças crescidas e pequenas que
viveram momentos de descoberta e não
morreram para o aprender.
A todo o Amor que nasceu e morreu,
mas que teve seu espaço de cor, força e
brilho nas faces corações e corpos.
A todas as músicas e versos que os
artistas, ou não, exprimiram com suas
emoções e nos ajudaram a compreender
e comunicar melhor as nossas....
A toda voz ou carícia que não se
negou, que ouviu o apelo e
respondeu com sua existência, sua
expressão sua proximidade.
A todas as orações desesperadas,
suplicantes ou agradecidas.
A todos os "becos sem saídas" que
deram em novos caminhos e em
outras possibilidades.
A todos os desesperos que tiveram
a grandeza de pedir ajuda e dar a
enorme descoberta de serem
conhecidos na partilha e no calor de
um olhar, talvez perplexo, mas
acolhedor.
A toda a vida que se omitiu ou
ousou, que se transformou ou
paralisou no tempo do medo.
A todo o medo que a coragem
permitiu viver, e que a força não
deixou que imobilizasse o gesto, e
levou aos passos mais adiante e aos
caminhos mais além de antes do
ontem.
A todos aqueles que, disponíveis
para o novo, o invasivo, o ensaio,
percorreram com seus olhos linhas
como estas, somando as nossas as
suas vivências, indagações e descobertas
e fazendo com isto que amontoados de
palavras se vestissem de significados,
dedico esta mensagem como uma
liberdade de aproximação e um enorme
desejo de que a busca de cada um não
cesse nunca, seja ela qual for, por mais
que mudem as respostas ou que por vezes,
nos desanime a ausência delas...
Um brinde aos encontros, que neste
espaço de vida, puderam acontecer..."
(Lucilia Cerr)

Fábio de Melo
Deixa partir o que não te pertence mais
Deixa seguir o que não pode voltar
Deixa morrer o que a vida já despediu
Abra a porta do quarto e a janela
Que o possível da vida te espera
Vem depressa que a vida
Precisa continuar
O que foi já não serve é passado
E o futuro ainda está do outro lado
E o presente é o presente
Que o tempo quer te entregar
Fala pra mim, se achares que posso ouvir
Chora ao teu Deus
Se não podes compreender
Rasga este véu do calvário
Que te envolveu
Tão sublime o segredo se esconde
Nesta dor que escurece o horizonte
Que por hora impede
Os teus olhos de contemplarem
O eterno presente no tempo
O ausente presente em segredo
Na sagrada saudade que o deixa continuar
Deixa morrer o que a morte já sepultou
Deixa viver o que dela ressuscitou
Não queiras ter o que ainda não pode ser
É possível crescer nesta hora
Mesmo quando o que amamos
Foi embora
A saudade eterniza a presença
De quem se foi
Com o tempo esta dor se aquieta
Se transforma em silêncio que espera
Pelos braços da vida um dia reencontrar.
***********