sábado, 26 de julho de 2008


Magros braços das árvores do outono...
Cansaço de embalar manhãs nubladas;
Na memória das aves ainda moram
As folhas mortas pela mão do vento.

Braços de espanto, sonho das raízes
Carregadas de passos e de pedras;
As almas subterrâneas da cidade
Têm pensamentos verdes sobre o asfalto.

O silêncio dos homens se recolhe,
Os capotes naufragam na neblina
E os sapatos carregam folhas mortas...

As árvores e os homens se confundem
E o frio conta histórias pelas ruas,
Do tempo em que os poetas foram árvores!


Paulo Bomfim
in 'Súdito da noite"