domingo, 8 de fevereiro de 2009


Perdas necessárias
Fábio de Melo
Deixa partir o que não te pertence mais
Deixa seguir o que não pode voltar
Deixa morrer o que a vida já despediu
Abra a porta do quarto e a janela
Que o possível da vida te espera
Vem depressa que a vida
Precisa continuar

O que foi já não serve é passado
E o futuro ainda está do outro lado
E o presente é o presente
Que o tempo quer te entregar

Fala pra mim, se achares que posso ouvir

Chora ao teu Deus
Se não podes compreender

Rasga este véu do calvário
Que te envolveu

Tão sublime o segredo se esconde

Nesta dor que escurece o horizonte
Que por hora impede
Os teus olhos de contemplarem
O eterno presente no tempo
O ausente presente em segredo

Na sagrada saudade que o deixa continuar

Deixa morrer o que a morte já sepultou
Deixa viver o que dela ressuscitou
Não queiras ter o que ainda não pode ser
É possível crescer nesta hora

Mesmo quando o que amamos
Foi embora
A saudade eterniza a presença
De quem se foi
Com o tempo esta dor se aquieta

Se transforma em silêncio que espera

Pelos braços da vida um dia reencontrar.

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